A província de Niassa apresenta avanços notáveis rumo à eliminação da Lepra no país
As Doenças Tropicais Negligenciadas (DTN) abrangem 20 doenças bacterianas, parasitárias e virais que prevalecem em condições tropicais e subtropicais e afectam mais de 1 bilião de pessoas em todo o mundo. Infelizmente as DTNs, da qual a Lepra faz parte, encontram-se presentes nas regiões mais pobres do mundo, onde a segurança da água, o saneamento e o acesso aos cuidados de saúde são menos acessíveis.
Medico Chefe provincial em Niassa, Dr. Narsizo Randinho explica que infelizmente verificou-se uma evolução dos casos da Lepra na sua Província” entre 2017 a 2021 a tendência dos caso registrados com Lepra aumentou. Entre 2017 e 2018 a Província registava 3 districtos endémicos com três casos. Mas em 2019 a Província registou 10 districtos endémicos. Os districtos tradicionalmente endémicos eram os distritos de Cuamba, Nipepe, Majuni e Mauba. Apesar de que no districto de Mauba tenhamos registados mais casos e mais grupos de autocuidado”.
Por outro lado, este profissional de saúde reconheceu que as taxas de notificação com um caso por dez mil habitantes estão a surgir porque as autoridades sanitárias da Província, em colaboração com parceiros como a OMS, Sasakawa e a NLR estão engajados num trabalho de busca activa dos casos de Lepra e de doenças negligenciadas nas comunidades.
O Dr. Randinho, acrescenta que as actividades de busca activa de casos de Lepra nas comunidades são levadas a cabo através de reuniões de sensibilização com o objectivo de ajudar os membros das comunidades a conhecer e a identificar os sintomas da doença. Quando um caso é identificado, são recolhidas as amostras para confirmação clínica e laboratorial e se for confirmado, o caso é tratado numa unidade sanitária mais próxima.
Para além destas buscas activas a Província de Niassa está a levar a cabo a iniciativa de fazer quimioprofilaxia com isoniazida para todos os contactos de longo período próximos a um paciente com Lepra, concretamente nos distritos de Cuamba e Mecanhelas.
É muito importante de salientar que entre 2017 e 2019 a Província registava 40% de casos de Lepra que chegavam às unidades sanitárias com deformidade de grau 2. Mas de 2019 a 2021 o trabalho de sensibilização feito nas comunidades contribuiu significativamente para reduzir essa taxa ao nível de 29% de casos registados com deformidade de grau 2.
Segundo o medico chefe provincial, as estratégias que serão adotadas pela Província com vista a melhorar o programa da Lepra, será em primeiro lugar a colocação de activistas, promotores de saúde e actores comunitários em todos os districtos, para apoiarem na identificação de casos de forma precoce e fazer o seu referenciamento para uma unidade sanitária. Em segundo lugar, a Província vai investir naquilo que é a capacitação técnica, para que a execução do programa da Lepra a nível da Província não fique só sob a responsabilidade dos directores distritais, mas que outros clínicos, como os da área de saúde maternal e infantil sejam envolvidos, considerando que existem muitos casos de Lepra em crianças nesta Província. Por último, ter disponibilidades de equipamentos digitais, tabletes, telefones, e capacitação para melhorar a qualidade de dados relacionados com esta doença na plataforma digital, onde se encontram a base de dados do Ministério de Saúde a nível nacional.
Dra. Eva de Carvalho, Medical Officer na OMS Moçambique e ponto focal para as DTN explica o qual tem sido o apoio prestado ao Ministerio da Saude “Com apoio financeiro da Sasakawa, a OMS tem apoiado o MISAU, fornecendo medicamentos para os doentes diagnosticados com Lepra e na implementação de estratégias para a eliminação das DTN no país, entre as quais a Lepra faz parte. Neste âmbito, as grandes linhas de estratégia nacional para a eliminação desta doença, são de rastrear os contactos dos doentes de Lepra; Intensificar as actividades de detecção de casos, melhorar a gestão, monitorização e avaliação dos casos, com enfoque em crianças e mulheres. Dar poder às comunidades, para mobilizar os membros do grupo de autocuidados e outras organizações de pessoas afectadas pela Lepra para contribuir vigorosamente para a detecção precoce de casos e cuidados ”.
Eliminar as Doenças Tropicais Negligenciadas entre as quais a Lepra, não é apenas a atitude correcta, mas representa uma justiça social e contribue para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e a Agenda 2063, que visa, entre outros desafios, libertar a África do fardo das DTNs.
Por fim, é muito importante reconhecer que em Moçambique, parceiros como a Netherlands Leprosy Relief (NLR), A Missão Lepra (TLM) e Associação Italiana Amici di Follereau (AIFo) e Campanha Internacional de Lepra da Ordem de Malta, continuam de forma integrada e colaborativa a apoiar o Ministério de Saúde rumo à eliminação da Lepra no país. Este forma holística de trabalhar, está em perfeita sintonia com o lema deste ano “ Juntos Podemos Vencer as Doenças Tropicais Negligenciadas”